sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Exército Fantasma de Lula

Ao longo da campanha eleitoral, Dilma Rousseff recitou a cada comício, debate ou entrevista que faltava pouco para que o sistema de segurança pública, a exemplo do que ocorreu na área da saúde, chegasse à perfeição.

No meio da discurseira, aparecia inevitavelmente o exemplo do Rio. Com a disseminação das Unidades de Polícia Pacificadora, as miraculosas UPPs, o companheiro Sérgio Cabral concluíra a façanha histórica iniciada pelo PAC e consolidada pela popularidade de Lula. Nem o mais insensato comandante do narcotráfico ousaria enfrentar os 80% do maior dos governantes desde Tomé de Souza.

Dado o aviso, Dilma sacava do coldre imaginário o trabuco com a bala de prata: se alguma facção do crime organizado tentasse conflagrar os morros cariocas, o Mestre não hesitaria em mobilizar a temível Força Nacional de Segurança Pública.

Por que o exército medonho até hoje não foi visto em ação? “Porque o governo de São Paulo não quis”, repete Lula desde 2006, quando a capital do Estado administrado pelo PSDB foi convulsionada por sangrentos ataques simultâneos do PCC.

Em campanha pela reeleição, Lula e Tarso Genro, ministro da Justiça e marechal da Força Nacional, baixaram em São Paulo para informar que poderiam sufocar a rebelião em quatro ou cinco horas. Bastava uma solicitação formal do governador.

Nesta quinta-feira, dois telefonemas reduziram a farrapos outra fantasia do Brasil do faz-de-conta.

Depois de alguns dias de silêncio, Lula e Dilma ligaram para conversar com Sérgio Cabral sobre o drama que apavora o Rio e assombra o país. Nem o atual nem a futura presidente ofereceram a ajuda da Força Nacional. Ofereceram votos de solidariedade. O país inteiro descobriu que o exército fantasma do Planalto só entra em combate na guerra eleitoral.

Uma última interrogação intriga milhões de habitantes da zona conflagrada. O presidente autopromovido a Pacificador do Universo já se ofereceu para resolver a crise do Oriente Médio e para reaproximar o Irâ atômico do resto do mundo. O que é que há com Lula que não se oferece para acabar com a batalha do Rio?

Augusto Nunes - 26/11/2010 – editado por GD

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