O  Tesouro Nacional serviu aos jornalistas, nesta terça (26), uma notícia  bem ao gosto do presidente Lula ‘Nunca Antes na História’ da Silva.
Informou-se que as contas do governo registraram no mês de setembro um superávit primário jamais visto: R$ 26,057 bilhões.
Um  detalhe desrecomenda a comemoração do recorde: ele decorre de uma  feitiçaria financeira. Desconsiderada a bruxaria, houve um déficit de R$  5,8 bilhões.
A  mandinga percorreu cinco estágios: decolou do Tesouro, fez escalas na  Petrobras, no BNDES e no Fundo Soberano, e aterrissou de volta no  Tesouro.
Abaixo, um resumo do que sucedeu:
1. O Tesouro emitiu R$ 74,8 bilhões em títulos. Significa dizer que aumentou a dívida pública nesse montante.
2.  Um pedaço dos títulos (R$ 42,9 bilhões) foi usado pelo governo para  adquirir ações da Petrobras no processo de capitalização da estatal.
3.  Outro naco (R$ 31,9 bilhões) foi repassado ao BNDES e ao Fundo  Soberano, que também usaram o dinheiro para subscrever ações da  Petrobras.
4.  Simultaneamente, o governo repassou à Petrobras 5 bilhões de barris de  petróleo do pré-sal. Um óleo que ainda não veio à superfície.  Encontra-se no fundo do mar.
5.  Na prática, a União vendeu à Petrobras um óleo que ainda não veio à  superfície. Está nas profundezas do oceano. Dá-se à operação o nome de  “cessão onerosa”.
6. Para “pagar” pelo petróleo que ainda não levou ao barril, a Petrobras juntou os títulos que recebee e devolveu-os ao Tesouro.
7.  O Tesouro, por sua vez, cancelou os títulos que havia utilizado para  bancar a compra de ações da Petrboras: R$ 42,9 bilhões. E a dívida  evaporou.
8.  E quanto aos R$ 31,9 bilhões em títulos alocados no BNDES e no Fundo  Soberano. Bem, esse pedaço da encrenca o Tesouro contabilizou como  crédito.
9. Por quê? Na bruxaria contábil do governo, trata-se de um empréstimo. O BNDES terá de pagar. Quando? Deus sabe.
10.  Assim, esses R$ 31,9 bilhões que o bancão oficial pagará sabe Deus  quando foram à conta do mês como receita. Daí a conversão de déficit em  superávit.
11.  Graças à utilização do petróleo que ainda não bombeou à superfície e à  macumba do BNDES, o governo deve cumprir a meta anual de superávit: 3,3%  do PIB.
12. O feito será obtido a despeito do crescimento da folha de salários do funcionalismo e das despesas correntes dos ministérios.
13.  De resto, o Fundo Soberano começa a ser moído. Criado para borrifar  verbas em áreas como educação, meio ambiente e tecnologia, o fundão  virou dente da engrenagem do superávit.
Blog do Josias de Souza - editado por GD 
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