quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A grande notícia do dia


A notícia vai quase escondida no Estadão. Não mereceu nem mesmo uma chamadinha na primeira página. Nos outros jornais, não vi nada a respeito. Os grandes portais ignoraram.

O estado de São Paulo teve, no terceiro trimestre, o menor número de homicídios em 14 anos. O estado atinge a marca de 9 ocorrências para cada grupo de 100 mil habitantes. É o índice mais baixo do país. Só para que se tenha uma idéia do que isso significa: no Brasil como um todo, a taxa é escandalosa, quase o triplo: 26 homicídios por 100 mil habitantes. Em Pernambuco, o índice de São Paulo se multiplica por seis; em Alagoas, por quase sete; no Rio, cuja segurança pública a petista Dilma Rousseff toma como modelo, por quatro.


Qual será o segredo de São Paulo? A própria reportagem do Estadão atribui a queda ao Estatuto do Desarmamento. Sei. E por que o desarmamento não teve nos demais estados o mesmo efeito? Querem outros que o crescimento econômico esteja na raiz desse feito. O Nordeste foi a região do Brasil que mais cresceu nos últimos anos: a violência, no entanto, explodiu por lá. Em 14 anos, o índice de homicídios em São Paulo despencou: caiu mais de 70%!!!


Mais números: são assassinadas 50 mil pessoas por ano no país, boa parte delas em razão do tráfico de drogas. Se o índice nacional fosse igual ao paulista, morreriam 17.100 — poupando-se 32.900 vidas por ano.

Qual é o segredo de São Paulo?


Se o Estatuto do Desarmamento vale no país inteiro, e os índices de mortes recuam muito timidamente; se o crescimento econômico não explica a redução, como explicar o “milagre” paulista? A resposta é esta: o estado tem uma polícia mais eficiente e que prende mais bandidos.
 Em dezembro de 2009, a população carcerária no país era de 474.626 pessoas. Do total, nada menos de 34,6% estavam em São Paulo, que tem apenas 22% da população. Será que o estado tem mais pilantras do que os outros ou prende demais? Não! Tem uma polícia e uma segurança mais eficientes. O Rio, por exemplo, vinha em quinto lugar, com menos presos do que Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. Eram, há um ano, 399,79 por 100 mil habitantes em São Paulo, contra apenas 166,56 no estado que Dilma elegeu como exemplar na segurança pública.

Vejam que coisa estupefaciente, não é mesmo? Quanto mais bandidos encarcerados, menos bandidos na rua. Quanto menos bandidos na rua, menos gente morta. Essas relações não deveriam ser espantosas, evidentemente.

Campanha eleitoral


O eleitor que não é de São Paulo não sabe: uma das teclas na qual o candidato do PT ao governo do estado, Aloizio Mercadante, derrotado no primeiro turno, bateu muito foi justamente a segurança pública — que, para ele, estava fora de controle.

Até Marina Silva chegou a dizer algo parecido!!! Dilma Rousseff, e isso todo mundo sabe, também é uma crítica severa da política do PSDB na área. Vale dizer: de maneira organizada, sistemática, o PT ataca o que funciona.

O homem comum, esse que anda na rua, que quer segurança pública eficiente, acaba ignorado. Lei e ordem são coisas “de direita”, dizem os colunistas de clichês.

Por Reinaldo Azevedo - editado por GD






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