Ontem no debate da Globo assistimos a mais uma etapa do processo de beatificação da Santa Marina da Silva.
Como sempre, ela parece se fazer de humilde.
Como sempre, e por 6 vezes, repetiu que “precisamos manter as conquistas, corrigir os erros e pensar o futuro”.
E, como sempre, disse que estava ali para debater idéias, pensar o Brasil e mostrar as suas propostas, sem ataques, sem pegadinhas.
Ao falar sobre um tema, qualquer tema, lembrou sempre que é uma situação lamentável, preocupante, e que no governo dela isto seria parte de uma política maior, que englobaria a economia sustentável, uma educação voltada para o futuro e a saúde sendo abordada por uma nova perspectiva.
Dá vontade de chorar, não dá?
Mas pouco a pouco, com atenção, percebe-se que estamos criando um monstro.
Marina se acha a única preparada para ocupar a Presidência porque somente ela tem um projeto que pensa o Brasil com os olhos do futuro. Beleza. Que projeto é esse? Ela nunca o apresenta, não mostra uma meta, um dado, um compromisso.
Por ter sido pobre, e este fato não se discute, se acha a Escolhida, a única que tem a capacidade de se comover com a situação dos mais pobres.
Gosta de dizer que quer discutir idéias, mas não perde uma oportunidade de lançar maldades, dizendo que Serra quer acabar com o Bolsa Família e que ele e Dilma são iguais.
Quando confrontada com o fato de que fez, sim, parte do governo do PT e que continuou neste governo mesmo após o mensalão, só saindo quando perdeu a queda de braço com Dilma, julga-se superior a ponto de não responder, não explicar.
Marina pensa que os outros candidatos vendem fantasias quando mostram suas metas, seus projetos. Na verdade, o que ela chama de concreto, suas propostas, nunca são explicitadas, não passam de discurso bonito de paraninfa de turma colegial.
Quando diz que vai manter os acertos, corrigir os erros e pensar o futuro, quer se apresentar como a candidata que vai promover a paz, unir os povos, guiar o povo, dissipar a discórdia. Mas não diz o que vai manter, o que está errado e como vai consertar nem o que espera do futuro.
Estamos criando um monstro que, ao se colocar acima de todos, em uma posição de superioridade humildemente intocada, julga que todos os demais não são dignos de conhecer suas idéias, questionar suas convicções ou tampouco apresentar projetos melhores.
Assim, empobrece o debate e cria uma mística que depois vai ser difícil de destruir (já vimos este filme antes, não?).
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